Friday, July 28, 2006
WC, Sociedade e Poesia
Go home G.W. Bush!
Em Frankfurt, nas casas de banho públicas, discute-se política internacional. Discute-se que é como quem diz… Escreve-se, em cada uma das portas, em cada uma das suas circunspectas quatro paredes. Em Paris as escrituras são menos ponderadas mas dentro do mesmo tema atómico: Política, desta vez nacional - Va niquer LePen!. Em Genebra não se fala de política nem de coisa alguma. As escrituras aí não existem, não pela neutralidade a que a nação Helvética se obriga, mas porque as suas casas de banho são esfregadas diariamente em quilos de detergente por mulheres-a-dias portuguesas. Em Bolonha não se consegue reflectir e muito menos escrever sobre coisa alguma. Se retirarmos a mão direita do apoio, para rasurarmos na parede qualquer grito de fúria ou simples ideologia, damos com os costados na sanita que mais parece uma base de chuveiro – Repito!, aquelas sanitas turcas não são nada apropriadas à reflexão. Em Barcelona não há tempo nem espaço para escrever. As suas casas de banho apresentam-se num sujo fresco, tipo discoteca, que, por melhor que possa ser um marcador de tinta permanente, é quase impossível escrever em tanta transpiração. Nem interessa. Em Espanha não se escreve; Fala-se como quem discute; Conversa-se como quem vende peixe; Debate-se como quem anda à porrada. Não há espaço para este tipo de literatura e escritura de casinha.
(Já que falo de sujo, o sujo espanhol é muito mais saudável que o sujo francês e menos acético do que a destilação suíça, é um sujo vivo contrapondo o sujo ressesso da França, o sujo consensual e preestabelecido da Alemanha e o sujo disfarçado da Itália. Já que falo de sujo, gosto do sujo espanhol.)
Em Lisboa também há discussão de casinha, o que à primeira vista até nem deveria ser completamente mau. O problema é que a discussão que por lá se pratica não é nada saudável, do meu ponto de vista, claro está. É uma discussão, no mínimo, esquisita. O "Procuro macho bem dotado" ou o "Procuro, com mais de 1.75 m, não peludos, para futuras intimidades" deixa os utilizadores de WC públicos em Lisboa, pelo menos as juventudes masculinas do Norte, perplexos. Eu, fiquei, atónito, confesso! Algo se passa. Das duas uma, ou ainda não chegaram à fase da política nacional e internacional, ou estão muito à frente nos tópicos de discussão em retretes públicas. Não quero nem saber, abominando a política, prefiro-a, a este mercado lisboeta e homossexual de casas de banho.
É isto que diferencia económica e socialmente dois países. O que se discute em cada uma das suas retretes. Andam estes economistas e sociólogos a fazerem análises rebuscadas, e onde apenas eles conseguem justificar algum tipo de correlação, quando está tudo, preto no branco, nas casas de banho públicas.
Em Portugal ainda se compra e se vende, tipo mercado municipal. Somos uns rústicos. As pessoas regateiam os preços: Quero, mas tem que ser bem dotado; Compro, mas prefiro com mais de 1.75 m e sem pêlos. Na Alemanha e na França há muito que abandonaram as leis da oferta e da procura. Aí discutem política, esse tema abjecto, no local próprio.
Antigamente tínhamos em Portugal um estado socioeconómico robusto e estável, essa era a razão porque podíamos ler poesia nas casas de banho: "Neste quarto comum toda a verdade se alaga, todo o cobarde faz força, todo o valente se c…". Isto sim era assunto. Isto sim, era a antecipação de um estado social e económico feliz e com pernas para andar.
Como Cristo expulsou os vendedores do templo torna-se imperioso alguém tomar uma atitude para afugentar esta escumalha das casas de banho públicas lisboetas. Já que não podemos escorraçar os políticos dos seus poleiros, mudemos um dos indícios da nossa miséria socioeconómica. Quero que a poesia volte e que o oásis do passado venha com ela. Só a poesia é capaz de trazer alguma luz a espaços tão pouco iluminados.
Em Frankfurt, nas casas de banho públicas, discute-se política internacional. Discute-se que é como quem diz… Escreve-se, em cada uma das portas, em cada uma das suas circunspectas quatro paredes. Em Paris as escrituras são menos ponderadas mas dentro do mesmo tema atómico: Política, desta vez nacional - Va niquer LePen!. Em Genebra não se fala de política nem de coisa alguma. As escrituras aí não existem, não pela neutralidade a que a nação Helvética se obriga, mas porque as suas casas de banho são esfregadas diariamente em quilos de detergente por mulheres-a-dias portuguesas. Em Bolonha não se consegue reflectir e muito menos escrever sobre coisa alguma. Se retirarmos a mão direita do apoio, para rasurarmos na parede qualquer grito de fúria ou simples ideologia, damos com os costados na sanita que mais parece uma base de chuveiro – Repito!, aquelas sanitas turcas não são nada apropriadas à reflexão. Em Barcelona não há tempo nem espaço para escrever. As suas casas de banho apresentam-se num sujo fresco, tipo discoteca, que, por melhor que possa ser um marcador de tinta permanente, é quase impossível escrever em tanta transpiração. Nem interessa. Em Espanha não se escreve; Fala-se como quem discute; Conversa-se como quem vende peixe; Debate-se como quem anda à porrada. Não há espaço para este tipo de literatura e escritura de casinha.
(Já que falo de sujo, o sujo espanhol é muito mais saudável que o sujo francês e menos acético do que a destilação suíça, é um sujo vivo contrapondo o sujo ressesso da França, o sujo consensual e preestabelecido da Alemanha e o sujo disfarçado da Itália. Já que falo de sujo, gosto do sujo espanhol.)
Em Lisboa também há discussão de casinha, o que à primeira vista até nem deveria ser completamente mau. O problema é que a discussão que por lá se pratica não é nada saudável, do meu ponto de vista, claro está. É uma discussão, no mínimo, esquisita. O "Procuro macho bem dotado" ou o "Procuro, com mais de 1.75 m, não peludos, para futuras intimidades" deixa os utilizadores de WC públicos em Lisboa, pelo menos as juventudes masculinas do Norte, perplexos. Eu, fiquei, atónito, confesso! Algo se passa. Das duas uma, ou ainda não chegaram à fase da política nacional e internacional, ou estão muito à frente nos tópicos de discussão em retretes públicas. Não quero nem saber, abominando a política, prefiro-a, a este mercado lisboeta e homossexual de casas de banho.
É isto que diferencia económica e socialmente dois países. O que se discute em cada uma das suas retretes. Andam estes economistas e sociólogos a fazerem análises rebuscadas, e onde apenas eles conseguem justificar algum tipo de correlação, quando está tudo, preto no branco, nas casas de banho públicas.
Em Portugal ainda se compra e se vende, tipo mercado municipal. Somos uns rústicos. As pessoas regateiam os preços: Quero, mas tem que ser bem dotado; Compro, mas prefiro com mais de 1.75 m e sem pêlos. Na Alemanha e na França há muito que abandonaram as leis da oferta e da procura. Aí discutem política, esse tema abjecto, no local próprio.
Antigamente tínhamos em Portugal um estado socioeconómico robusto e estável, essa era a razão porque podíamos ler poesia nas casas de banho: "Neste quarto comum toda a verdade se alaga, todo o cobarde faz força, todo o valente se c…". Isto sim era assunto. Isto sim, era a antecipação de um estado social e económico feliz e com pernas para andar.
Como Cristo expulsou os vendedores do templo torna-se imperioso alguém tomar uma atitude para afugentar esta escumalha das casas de banho públicas lisboetas. Já que não podemos escorraçar os políticos dos seus poleiros, mudemos um dos indícios da nossa miséria socioeconómica. Quero que a poesia volte e que o oásis do passado venha com ela. Só a poesia é capaz de trazer alguma luz a espaços tão pouco iluminados.
Tuesday, July 18, 2006
Esquizofrenia
I think you really do tend to be two different people: what society expects of you and your real you.
By Sundaes
Tuesday, July 11, 2006
Fazes-me falta
A mim acontece-me de tudo. Ao meu comutador também. Desta fez foi uma tecla que deixou de funcionar. Estive quase a ficar com um esgotamento quando tentei esclarecer, via MSN, o técnico que me revê as questões mais físicas, da falta que faz o “ “ no meu teclado.
- Deixei cair umas gotas de água no meu teclado e agora o “ “ não funciona.
- O quê!?! - Escreveu ele antevendo já mais uma das minhas neuroses.
- O meu teclado não funciona. Deixou de escrever o “ “ quando caíram algumas gotas de água sobre ele! – O segredo da boa comunicação está em dizer as coisas na sequência que o nosso interlocutor as quer ouvir: O “Em mim votem” não tem o mesmo resultado do “Votem em mim”, embora signifiquem a mesma coisa.
- Ah! agora entendi. E então… Qual é a tecla que te falta? - Eu estava no limiar do esgotamento e o gajo ali com aquela conversa da treta tentando entrar comigo.
- Olha, a mim não me falta nada, o “ “ do meu teclado é que não funciona! - Com esta categoria de gente insensível, que julga que nós humanos funcionamos como máquinas, temos que recuar e artilharmo-nos não vá o diabo tecê-las. Quando uma frase exclamada não funciona há que ser duro e atacar logo, sem dó. É nestas situações, e somente nestas, que sigo o dito futebolístico: O ataque é a melhor defesa.
- E deixa-te de merdas que eu não tenho a tua vida! – É tiro e queda nestes casos. Mete-se a vida das gentes ao barulho e desenrascam logo as coisas.
- Eia!... Estamos chateados! Que queres que te faça? Sem saber qual é a tecla que te falta, ou que falta no teu teclado, não a consigo encomendar!
- Como é que queres que te diga a tecla se não a consigo escrever?! orra! estás burro ou quê? – Entretanto fez-se luz no meu cérebro.
- Olha, falta-me o “ “ de orra!
- De quê?
- De orra! O “ “ de orra! Não estás a ver?
- Não… Orra tem as letras todas, não tem?
- Claro que não ò caramelo! Orra não existe no idioma de Camões! Eu quero dizer orra!, o calão que usas quando estás chateado. Ainda não?
- Lamento, mas não…
- Estás a brincar comigo, não estás?
- Não estou!
- Olha, não me obrigues a mandar-te ara a uta que te ariu!
- Ah!… agora entendi. Na segunda-feira traz o comutador que eu tenho aqui o “ “.
- Comutador?!?
- Sim, tu sabes. O teu comutador… aquele aarelho que trazes semre às costas e que está com roblemas no teclado… eu vou encomendar um novo “ “. Agora és tu que não ercebes?
- Ok… Não brinques que eu não estou nada bem com esta história. assei dois dias sem o “ “ e quase reciso de tirar férias! Tu não consegues imaginar a castração que isto é! Bem… ronto, abraço. Até segunda.
- Deixei cair umas gotas de água no meu teclado e agora o “ “ não funciona.
- O quê!?! - Escreveu ele antevendo já mais uma das minhas neuroses.
- O meu teclado não funciona. Deixou de escrever o “ “ quando caíram algumas gotas de água sobre ele! – O segredo da boa comunicação está em dizer as coisas na sequência que o nosso interlocutor as quer ouvir: O “Em mim votem” não tem o mesmo resultado do “Votem em mim”, embora signifiquem a mesma coisa.
- Ah! agora entendi. E então… Qual é a tecla que te falta? - Eu estava no limiar do esgotamento e o gajo ali com aquela conversa da treta tentando entrar comigo.
- Olha, a mim não me falta nada, o “ “ do meu teclado é que não funciona! - Com esta categoria de gente insensível, que julga que nós humanos funcionamos como máquinas, temos que recuar e artilharmo-nos não vá o diabo tecê-las. Quando uma frase exclamada não funciona há que ser duro e atacar logo, sem dó. É nestas situações, e somente nestas, que sigo o dito futebolístico: O ataque é a melhor defesa.
- E deixa-te de merdas que eu não tenho a tua vida! – É tiro e queda nestes casos. Mete-se a vida das gentes ao barulho e desenrascam logo as coisas.
- Eia!... Estamos chateados! Que queres que te faça? Sem saber qual é a tecla que te falta, ou que falta no teu teclado, não a consigo encomendar!
- Como é que queres que te diga a tecla se não a consigo escrever?! orra! estás burro ou quê? – Entretanto fez-se luz no meu cérebro.
- Olha, falta-me o “ “ de orra!
- De quê?
- De orra! O “ “ de orra! Não estás a ver?
- Não… Orra tem as letras todas, não tem?
- Claro que não ò caramelo! Orra não existe no idioma de Camões! Eu quero dizer orra!, o calão que usas quando estás chateado. Ainda não?
- Lamento, mas não…
- Estás a brincar comigo, não estás?
- Não estou!
- Olha, não me obrigues a mandar-te ara a uta que te ariu!
- Ah!… agora entendi. Na segunda-feira traz o comutador que eu tenho aqui o “ “.
- Comutador?!?
- Sim, tu sabes. O teu comutador… aquele aarelho que trazes semre às costas e que está com roblemas no teclado… eu vou encomendar um novo “ “. Agora és tu que não ercebes?
- Ok… Não brinques que eu não estou nada bem com esta história. assei dois dias sem o “ “ e quase reciso de tirar férias! Tu não consegues imaginar a castração que isto é! Bem… ronto, abraço. Até segunda.
Já que não farei parte da sociedade da telepatia, dedico esta história à nossa sociedade: A da informação e comunicação.